Será que os mortos estão dormindo?
Os Protestantes e os Testemunhas de Jeová em sua
maioria ensinam que os mortos estão "dormindo" e que somente na volta
de Jesus haverá a ressurreição de todos; portanto, para eles, não há ninguém no
Céu ainda, mesmo que seja apenas com a alma, como ensina a Igreja Católica. Por
isso não acreditam na intercessão dos Santos.
Ora, desde os primórdios da Igreja ela acredita na imortalidade da alma, e que
cada pessoa é julgada por Deus, imediatamente após a morte, recebendo já o seu
destino eterno. E isto é muito claro nas Sagradas Escrituras.
A Carta aos Hebreus diz claramente, "como está determinado que os homens
morram uma só vez, e logo em seguida vem juízo"(Hb 9,27)
Isto foi definido como dogma de fé pelo Papa Bento XII em sua Constituição
"Benedictus Deus" no ano de 1336, e o Concílio universal de Florença,
na Itália, as reafirmou em 1439, na seguinte declaração:
"As almas daqueles que, depois do Batismo, não se tiverem manchado em
absoluto com alguma mancha de pecado, assim como as almas que, depois de
contraída alguma mancha de pecado, tiverem sido purificadas ou no corpo ou fora
do corpo,. essas almas todas são recebidas no céu e vêem claramente o próprio
Deus em sua Unidade e Trindade, como Ele é; umas, porém, vêem mais
perfeitamente do que outras, conforme a diversidade de méritos de cada qual.
Quanto às almas daqueles que morrem com pecado atual e mortal. sem demora são
punidas no inferno por penas que variam para cada qual". (Denzinger ,
Enquiridio 693). O Concílio Vaticano II pela Constituição dogmática "Lumen Gentium" confirmou
esta doutrina:
"Até que o Senhor venha na sua majestade e todos os anjos com ele (cf Mt
25,31), e até que lhe sejam submetidas, com a destruição da morte, todas as
coisas (cf. 1Cor 15,26-27), alguns dos seus discípulos peregrinam na terra,
outros, já passados desta vida, estão se purificando, e outros vivem já
glorificados, contemplando "claramente o próprio Deus, uno e trino, tal
qual é"; todos, porém, ainda que em grau e de modo diversos, comungamos na
mesma caridade para com Deus e para com o próximo, e cantamos o mesmo hino de
glória ao nosso Deus. Em virtude da sua união mais íntima com Cristo, os
bem-aventurados confirmam mais solidamente toda a Igreja na santidade,
enobrecem o culto que ela presta a Deus na terra e muito contribuem para que
ela se edifique em maior amplitude (cf. 1Cor 12,12-27). Porque foram já
recebidos na Pátria e estão na presença do Senhor, (cf 2Cor 5,8) - por ele, com
ele e nele - não cessam de interceder em nosso favor junto do Pai, apresentando
os méritos que - por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, (cf. l Tm 2,5). Na verdade, a solicitude fraterna dos bem-aventurados
ajuda imenso a nossa fraqueza." (LG, 49)
Em Mateus 10,28 Jesus diz: "não temais os que matam o corpo, mas não podem
matar a alma ('psyché"); temei, antes, aquele que pode fazer perecer na
geena o corpo e a alma". A palavra grega "psychè" significa alma; então, o texto afirma a
sobrevivência da alma após a destruição do corpo da pessoa.
Em Lucas 16,19-51, na parábola do rico e do pobre Lázaro, Jesus apresenta a
sobrevivência consciente tanto dos justos como dos injustos. O rico após a
morte vai para um lugar de tormento; e o pobre para um lugar de gozo. Isto
enquanto a vida continua na terra, quer dizer, antes da volta de Jesus. O rico
tinha cinco irmãos que poderiam também se perder também; e mostra que os
defuntos sobrevivem após a morte e recebem já o prêmio ou o castigo.
Não se pode dizer que esta parábola é apenas mera ornamentação; ao contrário,
traz um ensinamento religioso e doutrinário fundamental.
A ressurreição da carne no último dia, na consumação da História com a volta de
Jesus, darão algo mais à felicidade dos justos cujas almas já estão no gozo da
presença de Deus. Essas almas se unirão a seus corpos ressuscitados e viverão
na plenitude de suas pessoas. A ressurreição da carne completará a ordem e a
harmonia que a alma santa já desfruta após a morte.
Vemos em Ap 6, 9-11 que as almas do justos martirizados aspiram, na presença de
Deus, à plena restauração da ordem e da justiça violadas pelo pecado; e assim,
esperam algo que ainda não aconteceu, e que vai acontecer só na Parusia. Embora
elas já estejam revestidas de vestes brancas, que é símbolo da vitória final e
da bem-aventurança, continuam a acompanhar a nossa história, aguardando com
expectativa o julgamento do Senhor.
"Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens
imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram
depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor,
o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue
contra os habitantes da terra? Foi então dada a cada um deles uma veste branca,
e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número
dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser
mortos." (Ap 6,9-11)
Do Livro: A Intercessão e o Culto dos Santos - Imagens e Relíquias - Prof.
Felipe Aquino