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O Papa está certo
O Papa está certo


Papa tem razão sobre prevenção à Aids, comprova estudo

Pesquisas de Halperin mostram que doutrina defendida pelo Papa sobre
sexualidade não é anti-científica

Um comportamento sexual responsável e a fidelidade
ao próprio parceiro foram os principais fatores que determinaram a fortíssima
queda da incidência de Aids na nação africana do Zimbábue. E esses dados não
provêm de nenhuma diocese católica ou instituição religiosa: a informação é
defendida pela prestigiada Universidade de Harvard,
a mais antiga instituição de estudos superiores dos Estados Unidos, com 375
anos de história.O pesquisador do Departamento para a Saúde global e População de Harvard,
Daniel Halperin, está empenhado desde 1998 em estudar as dinâmicas sociais que
estão na base da difusão das doenças sexualmente transmissíveis nos países em
via de desenvolvimento, que são os maiores afetados pelo flagelo da Aids.

Através de dados estatísticos e análises de campo, como entrevistas e grupos
focais, Halperin conseguiu recolher testemunhos até mesmo dos bolsões mais
pobres do país africano. A curva em queda em 10 anos é evidente: entre 1997 e
2007, a taxa de infecção entre a população adulta caiu de 29 para 16%. "A
repentina e nítida diminuição anda de mãos dadas com a redução de
comportamentos de risco, como relações extraconjugais, com prostitutas ou
ocasionais", diz, sem hesitar, o pesquisador.

O estudo foi publicado em PLoSMedicine.org e é financiado pela agência estadounidense
para o Desenvolvimento internacional, da qual Halperin já foi conselheiro, e
pelo Fundo das Nações Unidas para a População e o Desenvolvimento. Com isso, o
pesquisador alimenta uma séria e honesta reflexão sobre as políticas até agora
adotadas pelas principais agência de luta contra a Aids nos países em vias de
desenvolvimento.

Segundo Halperin, é evidente que a drástica inversão dos comportamentos sexuais
da população do Zimbábue "foi auxiliada por programas de prevenção nos mass
media e por projetos formativos promovidos pelas igrejas e confissões
religiosas", relata. Essas intervenções são propriamente culturais, com
resultados mais distantes no tempo. No entanto, são mais incisivas e duradouras
que a prática da distribuição de profiláticos, como a camisinha, que se
apresenta como ineficaz.

Bento XVI

Na viagem
apostólica que realizou à África, em 2009, o Papa Bento XVI comentou que o
preservativo não era a solução para a luta contra a Aids. As palavras do Papa
foram alvo de ásperas críticas e polêmicas, preconceituosas e não científicas,
como se pode compreender também com o auxílio desse estudo ora divulgado.
Também no livro-entrevista Luz do Mundo, o Pontífice recorda que
"os profiláticos estão à disposição em todos os lugares, mas somente isso
não resolve a questão".

Desse modo, cada vez mais a pesquisa científica – quando honesta e não baseada
na busca de vantagens econômicas – reconhece que as ações mais eficazes contra
a Aids são aquelas similares ao método ABC (abstinência, fidelidade e, somente
em última análise, utilização dos profiláticos), adotada com sucesso na Uganda,
por exemplo.

A própria revista Science lançou luzes sobre o fato de que "a parte
de maior sucesso do programa foi a mudança do comportamento sexual, com uma
redução de 60% das pessoas que declaravam ter tido mais relacionamentos sexuais
e o aumento do percentual dos jovens entre 15 e 19 anos que se abstiveram de
sexo". A adoção do programa colocou Uganda em uma posição exemplar na luta
contra a Aids no continente africano.

Definitivamente, segundo o estudo de Halperin, é preciso "ensinar a evitar
a promiscuidade e promover a fidelidade", apoiando aquelas iniciativas que
buscam verdadeiramente construir na sociedade afetada pela Aids uma nova
cultura.

Enfim, como afirma Bento XVI, trabalhar para uma "humanização da
sexualidade".

 



 




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